sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Jaime Salomão entrega a placa e o diploma da distinção de Santa Camarão, ao Sr. Presidente da Câmara


Santa “Camarão” foi incluído na lista “Cem Desportistas, Cem Anos da República”, uma iniciativa da Confederação do Desporto de Portugal, cuja distinção foi entregue em 16 de Novembro de 2010 na 15.ª Gala do Desporto, efectuada no Casino Estoril, ao seu biógrafo Luís Filipe Maçarico, em representação da Confederação Portuguesa das Colectividades de Cultura, Recreio e Desporto. Este reconhecimento deve-se em grande parte à colaboração dada por diversos elementos da comunidade vareira que conviveram com o pugilista ou que possuíam elementos preciosos sobre esta ilustre figura ovarense. A placa e o diploma foram entregues hoje à tarde pelo pelo representante da CPCCD, Jaime Salomão ao Sr. Presidente da Câmara Manuel Alves de Oliveira.
                                                                        (Texto do Jornalista Fernando Manuel Pinto)















Entrevista a Santa Camarão em 1943


No ano de 1943 um certo jornalista duma revista lisboeta passou por Ovar e quis ver Santa Camarão, que vivia em casa de seus pais, afastado das lides do ring, embora com saudades desses tempos de luta.
O antigo boxeur guardava as melhores recordações, que logo as trans­mitiu, num crescente entusiasmo, durante uma ligeira troca de impres­sões.
Contou como o lutador Manuel Grilo reparou na sua estatura, numa noite em que assistia a um espectáculo no Coliseu como espectador.
O seu primeiro combate foi contra um belga a quem José Santa venceu, mais pela força do que pela técnica, pois apenas tivera um treino com o espanhol Costa Rica, no dia anterior ao do combate.
 "Praticou a luta durante muito tempo?" perguntou o jornalista.
"Não. Apenas lutei mais de uma vez, sendo então procurado, a bordo de uma fragata em que trabalhava, pelo antigo desportista portuense Alexandre Cal, que me aconselhou a abandonar a luta e dedicar-me ao boxe. Treinei-me durante quatro meses com Aníbal Fernandes, e fiz a minha estreia como boxeur no palácio de Cristal, em 1922, tendo como adversário o francês Demour, que pus a K.O. no segundo round."
“Durante dois anos permaneci no Brasil onde fiz 15 combates. Um deles foi contra o negro Epifânio lsla, que me intoxicou e, assim, perdi aos pontos. Voltando a Portugal, fiz alguns combates, entre eles o da disputa do campeonato da Europa, no qual fui vencido aos pontos por uma injustiça do juiz português."
"Depois desse combate teve algum contrato vantajoso?"
"Fui contratado por um empresário alemão, a fim de fazer uma série de . cinco combates em várias cidades alemãs. Perdi duas vezes aos pontos e ganhei três a K. O. Da Alemanha fui para Inglaterra, onde me bati com  o campeão londrino, mas o match resultou nulo por conveniência dos empresários. Depois fui a França, voltei à Alemanha, e em Berlim fui contratado com grandes vantagens para ir combater na América do Norte."
"Qual foi o seu combate mais importante na América?"
"O que mais recordações me deixou foi o que tive com o campeão italiano Rigajiselo, pois pela primeira vez tive a sensação de K.O. mas eu lhe conto como fui vencido: antes de eu entrar para o ring, o presi­dente da comissão de boxe, fez-me notar que queria uma luta renhida, caso contrário não me seria paga a importância estipulada no contrato. Procurei então, não tocar na cara do meu adversário, mas este usando de deslealdade e fugindo, portanto ao combinado, pôs-me um krochet que me deixou por terra. Confesso que chorei de raiva, ao acordar, mas passado quinze dias pedi publicamente a desforra. Então, sem olhar a contratos nem a combinações, mas lembrando-me acima de tudo, do meu brio profissional e da Pátria que modestamente representava, fiz um combate de desforra, que resultou K.O. ao 6° round para o meu adversá­rio. Ninguém pode imaginar a minha alegria, que foi incontestavelmente maior da minha vida de boxeur!"

(Um texto que extraí da Revista TURISMO de Lisboa,  nº51 Jan/Fev. de 1943 expôs na Exposição OVAR nos princípios dos anos 40, no Espaço Aberto da Santa Casa da Misericórdia em 1999 e publiquei no Jornal Praça Pública de Ovar, em 2001)   António Mendes Pinto


2 comentários:

  1. Amigo António Mendes Pinto

    BEM HAJA pela magnífica reportagem, e pela memória viva, que aqui partilha, acerca do Grande Homem de Ovar, que foi Santa Camarão.
    Um abraço e toda a minha gratidão

    Luís Filipe Maçarico

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  2. O companheiro da direcção da CPCCRD que esteve presente neste acto com tanta importância simbólica para a Comunidade vareira chama-se JAIME SALOMÃO. Obrigado

    LFM

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